Rev. DERC (Online) 2019; 25(3): 82-86

PADRÃO DE BRUGADA TIPO I NA FASE DE RECUPERAÇÃO DO TESTE ERGOMÉTRICO

DOI: 10.29327/22487.25.3-3

RESUMO

A síndrome de Brugada (SB) é uma das canalopatias mais comuns, com prevalência mundial de 0,05%. Estima-se que seja responsável por 4% de todas as mortes súbitas cardíacas, sendo a maioria dos pacientes diagnosticada somente após o evento arrítmico. Analisando o eletrocardiograma (ECG), podemos encontrar o padrão tipo I, caracterizado por elevação do segmento ST 2 mm morfologia tipo côncavo em derivações precordiais direitas seguido por onda T negativa e o padrão tipo II, definido por elevação do segmento ST em sela 2 mm seguido de onda T positiva ou bifásica. Estes padrões podem estar presentes de forma contínua, intermitente ou mesmo oculta, quando evidenciados somente através de teste provocativo. Estudos recentes demonstram que, mesmo em pacientes assintomáticos, as taxas de eventos arrítmicos variam de 0,5 – 1% ao ano, o que torna desafiador e controverso identificar entre esses indivíduos quais teriam risco aumentado de arritmias ventriculares e que, por consequência, potencialmente se beneficiariam do cardioversor-desfibrilador implantável. Nesse contexto, o teste ergométrico, útil na definição diagnóstica de pacientes com padrão eletrocardiográfico intermitente ou mesmo oculto, vem mostrando ter alguma relevância na estratificação prognóstica. Abaixo, é relatado um caso de paciente oligossintomático, sabidamente portador de padrão de Brugada tipo I intermitente, que buscou nosso serviço para realizar teste ergométrico. O paciente apresentava ECG de repouso com padrão de repolarização precoce, sem outras alterações relevantes, evoluindo com padrão de Brugada tipo I clássico notadamente na fase de recuperação. Após descrição do caso, foram feitas considerações acerca da relevância do achado e possíveis implicações clínicas.