Rev. DERC (Online) 2020; 26(2): 110-111

Testes, Testes e Mais Testes… No Momento esta é a Solução

Ricardo

Stein

DOI: 10.29327/22487.26.2-11

Tenho visto muito vídeos nestes meses de pandemia. Tenho lido como nunca li em toda minha vida, mais até do que quando devorei toda coleção do Monteiro Lobato ou estudei para residência médica em 1992. Ouvi opiniões inteligentes de quem normalmente não apoio e opiniões nem tanto de quem me alinho mais. Quem tem razão nessa pendenga? Respondo: o coronavírus. Só ele (ou ela, sei lá) tem uma razão 100% acurada ao nos desafiar ao extremo como seres humanos que somos, nos colocar em xeque-mate, nos levar à loucura. Somos diferentes, vibrantes, assustados, brilhantes, idealistas, contraditórios e também ignorantes. Tentando buscar um consenso básico, escrevo essas palavras. Como médico e pesquisador que sou, saúdo iniciativas para que a testagem dos brasileiros já tenha saído do papel. Nesse cenário pandêmico, todas as respostas dependem de testes rápidos, precisos, difundidos e prontamente disponíveis, tanto para infecções ativas quanto para os anticorpos que o vírus deixa para trás.^, Sem isso, os governos que tentaram lidar com a pandemia voaram às cegas.

Nesse particular, e indo ao encontro da ciência e da saúde pública, saúdo o governo do Estado do Rio Grande do Sul e, em especial, a Universidade Federal de Pelotas. É esse o centro de epidemiologia de nível internacional que coordena o pioneiro estudo de prevalência populacional de anticorpos contra o SARS-CoV-2 (causador da COVID-19) em nove cidades gaúchas (4.500 testes já foram realizados em quatro diferentes momentos). Após essas quatro fases do Epicovid19-RS, foi observada que a prevalência do coronavírus no estado era baixa, indicando um infectado para cada 562 habitantes, ou 0,18% da população com anticorpos. As estimativas apontaram 1.778 infectados reais para cada um milhão de habitantes, contra 580 casos notificados. Essa relação de estimativas de casos reais e casos notificados foi de oito vezes na primeira fase, subindo para 12 vezes quinze dias depois, e passando para nove vezes na terceira fase. Na última fase, cujos resultados foram divulgados em 28 de maio, essa proporção foi de três casos não notificados para cada caso notificado, apontando diminuição da subnotificação por aumento da testagem no estado. A saber, a Epicovid19-RS terá ainda outras quatro fases e a previsão é de se realizar até 16 de agosto entrevistas e testes com mais 18 mil pessoas nas nove cidades sentinelas do Rio Grande do Sul. Por sua vez no Brasil, a primeira fase de uma pesquisa semelhante foi recentemente concluída.

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