Rev. DERC (Online) 2020; 26(2): 91-99
Interpretação do ECG do Atleta: uma Revisão Sistemática
Resumo
As adaptações cardíacas ao exercício intenso podem gerar alterações eletrocardiográficas que podem ser confundidas com sinais de cardiopatia. A interpretação acurada dos achados depende de critérios que os classifiquem em normais (relacionados ao exercício), limítrofes (borderline) ou anormais (não relacionados ao exercício). Uma revisão sistemática foi realizada através de pesquisa na base de dados PubMed em abril de 2020, utilizando os termos: MeSH, electrocardiogram e athlete, sendo selecionados 159 artigos em inglês de revisão, revisão sistemática e meta-análise, publicados nos últimos cinco anos para análise da elegibilidade. Foram considerados elegíveis 29 artigos que abordam os critérios de análise e/ou alterações comumente encontradas no eletrocardiograma do atleta. As clássicas recomendações da Sociedade Europeia de Cardiologia (2010), os “Critérios de Seattle” (2013) e os “Critérios Refinados” (2014), aumentaram significativamente a especificidade sem perda da sensibilidade, e, buscando aprimorar os critérios interpretativos, em 2017 os “Critérios Internacionais” foram publicados com algumas alterações, porém mantendo a classificação (normal, limítrofe e anormal). Além de atentar para os critérios, deve-se especial atenção às alterações da onda T em jovens, suspeitas após o período puberal, e em afrodescendentes, suspeitas quando não confinadas a V1-V4, e à elevação do ponto J distinguindo as características benignas de repolarização precoce e malignas de condições como Brugada. A difusão, padronização e utilização dos critérios atuais de avaliação é fundamental para que o esporte se torne ainda mais seguro.
Palavras-chave: Atleta; ECG; Eletrocardiograma; Exercício Físico
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